Pesquisadores da UFMT fizeram uma das descobertas mais importantes da paleontologia recente no Brasil: fósseis de dinossauros articulados ou semi-articulados, encontrados em excelente estado de preservação. u3j5k
Chapada dos Guimarães., um dos destinos mais conhecidos do ecoturismo em Mato Grosso, agora ganha destaque mundial também na paleontologia. Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) fizeram uma das descobertas mais importantes da paleontologia recente no Brasil: fósseis de dinossauros articulados ou semi-articulados, encontrados em excelente estado de preservação.
Geólogos da UFMT fazem descoberta inédita de dinossauros em Chapada dos Guimarães. (Foto: TVCA)
Segundo os geólogos Caiubi Kuhn e Rogério Rubert, professores da UFMT, trata-se do fóssil de dinossauro mais completo já encontrado em Mato Grosso, e possivelmente um dos mais bem preservados do período Cretáceo superior em todo o país.
“É muito raro encontrar fósseis assim. A maioria dos achados são ossos isolados. Quando encontramos ossos articulados ou muito próximos, conseguimos descrever com muito mais detalhes os animais enterrados”, explica o professor Caiubi Kuhn.
Trabalho de detetive geológico
O processo de escavação na Chapada exige precisão milimétrica. Os fósseis são frágeis e exigem técnicas específicas de proteção com algodão, gesso e endurecedores químicos, para evitar que se quebrem durante a retirada.
Geólogos da UFMT fazem descoberta inédita de dinossauros em Chapada dos Guimarães. (Foto: TVCA)
Pelo menos dois espécimes distintos foram identificados no local. O mais completo é um terópode, dinossauro bípede e carnívoro. Também foram encontrados fragmentos de um saurópode, herbívoro de grande porte. Há ainda indícios da presença de um terceiro animal, de menor tamanho, ainda não identificado.
“Esse é o fóssil mais completo de dinossauro já encontrado no estado, e pode ser o mais completo do Cretáceo superior no Brasil”, afirma o professor Rogério Rubert.
Técnica e paciência
Antes de iniciar a escavação, os pesquisadores fizeram uma inspeção na área em busca de sinais de fósseis. Com os indícios confirmados, o trabalho começou com ferramentas manuais e muito cuidado.
“A gente brinca que é como montar um quebra-cabeça. Cada fragmento precisa ser limpo, analisado e identificado. Depois tentamos recompor o animal”, conta Caiubi Kuhn.
A estudante Daiane Emanuele, que participa das escavações, destaca a diferença entre trabalhar com fósseis grandes em campo aberto e materiais menores em laboratório. “Tem sido muito bacana. Exige mais delicadeza porque muitos ossos estão fragmentados até por dentro”.
Estudante Daiane Emanuele durante escavações. (Foto: TVCA)
Após a retirada, os fósseis seguem para o laboratório da UFMT, onde são limpos, preservados e estudados com o uso de ferramentas pneumáticas que removem os resíduos de rocha.
Um sítio paleontológico único no mundo
Chapada dos Guimarães já era conhecida por seu potencial geológico, mas essa nova descoberta consolida a região como uma das mais ricas do planeta em histórias preservadas em pedra.
“São poucos os lugares do mundo onde conseguimos contar tantos eventos da história da Terra numa área tão pequena. Chapada é um verdadeiro mapa do tempo”, conclui Caiubi.